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Transição de Carreira: Um desejo ou uma necessidade?

Muitos de nós já conhecemos a sensação que vai crescendo e tomando vida própria – a sensação de incerteza vai se tornando uma comichão de estar na carreira profissional errada ao mesmo tempo que vai crescendo o desejo de trilhar rumo à novos horizontes. Claro, esse é o gérmen da transição de carreira, mas há de ter cuidado pois o desejo pode não ser realista e não refletir uma necessidade de uma mudança total.

Talvez seja este o momento de dizer que ainda vivemos em uma cultura impregnada da sensação de que tudo aquilo que não nos cabe mais pode ser totalmente descartado. Tudo podemos nos livrar: um celular obsoleto, um notebook ultrapassado, um carro que já não nos atende mais. O problema é quando levamos essa mesma lógica da possibilidade de “jogar fora aquilo que não nos serve” para outras esferas da vida, como amizades, relacionamentos.

Pode ser sincero: todos nós já conhecemos alguém que terminou um casamento só porque o relacionamento já não era como antes – ao invés de tentar rever o que talvez estivesse errado para tentar corrigir ou aceitar que a passagem do tempo faz os relacionamentos mudarem, não necessariamente para pior.

Agora entenda, uma carreira talvez seja como um casamento. É uma experiência de construção para a vida que demora anos, talvez décadas. Não é algo que possa simplesmente ser jogada fora só porque outra carreira mexe mais com nosso coração.

Na psicologia entendemos que não existe o desaprender e o esquecer, mas sim o reaprender e resinificar. Uma carreira, por mais que não faça mais sentido, lhe proporcionou experiências que jamais poderá se livrar e que também o construiu como pessoa (em uma relação de mão dupla). Com isso quero dizer que existem momentos da vida profissional que podemos sim desejar novos rumos totalmente diferentes para nossa carreira, mas antes precisamos compreender os motivos que nos levam a desejar essa mudança - sob o risco de perdermos tempo e recursos em uma decisão errada e nos arrependermos depois.

Talvez você não veja mais sentido no trabalho que desempenha, mas isso é devido ao cargo, colegas ou líderes dos quais não se identifica. Isso não precisa culminar em uma mudança radical de carreira, mas talvez se inserir em uma empresa que seja mais alinhada com seus valores pessoais já seja mais do que o suficiente para ter experiências profissionais das quais sempre desejou.

Jamais me esqueço de um caso que atendi na clínica de uma jovem totalmente insatisfeita com o trabalho, mas ao longo da terapia ficou claro que seus sentimentos negativos eram relacionados com a cultura empresarial da instituição que estava inserida. Ao decidir mudar de instituição isso resinificou sua vida profissional, lhe deu experiências muito mais positivas, sem a necessidade de jogar fora toda sua carreira buscando uma suposta felicidade em um rumo totalmente contrário ao que já tinha construído.

Assim, fica a reflexão: o que você pode fazer de diferente ao que já está fazendo? Será que fazer algo diferente já resolveria suas insatisfações com a carreira? Talvez o que esteja errado não é sua trajetória profissional, mas apenas o local que está inserido.

Para algumas pessoas faz muito mais sentido uma carreira solo como autônomo ou profissional liberal, outras uma empresa privada de grande porte, para outras, ainda, empresas pequenas e familiares, ou até mesmo uma carreira que se inicia em um concurso público. Qual o ambiente que você gostaria de estar inserido e o que tem feito para que isso aconteça?

A transição de carreira começa sempre com a insatisfação, exploração e com a descoberta. Talvez a descoberta seja que sua carreira atual não caiba mais na sua vida, mas talvez a transição de carreira seja algo muito grande para você nesse período atual e nesse caso apenas poucas mudanças sejam o suficiente para que retornar a sensação de estar na atuação certa.

E aí? O que você tem feito de diferente para entender se uma transição de carreira é mesmo o caso para você?

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